A perseguição e o fanatismo dos conservadores de Silvio Marques
por Solon Neto
Ao longo do regime militar uma série de grupos anticomunistas se formou em vista do avanço do comunismo. A insatisfação dos setores conservadores se condensou em valores para esses grupos, que surgiam mesmo antes do golpe militar de 1964 que deflagrou a ditadura no Brasil. Em Bauru, houve maior atuação de um grupo: a FAC, Frente Anticomunista de Bauru.
A FAC nasceu entre os anos de 1962 e 1963, liderada e organizada pelo professor de Direito da ITE, Instituição Toledo de Ensino, Silvio Marques Jr. O grupo atuou até 1968, perseguindo e prendendo qualquer cidadão cujas atitudes levantassem suspeitas de atividades comunistas. Liderando o grupo, Silvio Marques instaurou um clima de terror na cidade de Bauru, devido ao teor arbitrário das prisões e perseguições que ele e seu grupo efetuavam junto à polícia.
A organização de Silvio Marques era formada por homens e mulheres de várias faixas etárias, que se auto denominavam “legionários”. Eles recebiam treinamento de luta e tiro, e contavam com o apoio direto dos militares brasileiros, da polícia, e do governo dos Estados Unidos, que lhes enviava material de propaganda anticomunista.
Silvio Marques era um católico convicto e fervoroso, e acreditava que o comunismo era completamente contra os valores da igreja católica. O líder da FAC atribuiu a esse fato toda a perseguição e tortura que operou, justificando casos como o de Edson Shinohara, que teve os dentes partidos à coronhadas de metralhadora depois de ser preso pela FAC.
Para Antonio Pedroso Jr., memorialista bauruense, a FAC foi uma organização superestimada pelo próprio líder, Silvio Marques, que dizia ter dezenas de milhares de legionários inscritos em sua organização. Apesar de ter muitos legionários, ele acredita que a organização não tinha tanto poder, porém mantinha grande atuação.
À direita, Silvio Marques: de olhos fechados para a liberdade (foto: Acervo de Teresinha Zanloch) |